sábado, 21 de novembro de 2009

Nos neurônios um talvez

Talvez se eu olhasse para o céu veria as estrelas
Talvez se eu olhasse para o céu veria a lua
Talvez se eu olhasse para o céu veria a cena que tanto desejo.

Talvez e sempre talvez, nada de certo aconteceria,
Porque talvez eu tenha conquistado você de uma maneira errada
Porque talvez eu tenha perdido você de uma maneira brusca
Porque talvez eu devesse parar
Porque talvez tudo isso devesse ter acontecido.

(...)

Quem é você? Um anjo ou um demônio?
Eu vejo em você o que talvez nenhum estranho visse ou vê.
Todos te vêm como um demônio a solta pelo bosque,
mas eu vejo algo a mais.
Ela está no meu lugar fazendo o meu papel e pode parecer que não, mas
Estou feliz por isso.
As pessoas só enxergam coisas que em mim não existem
As pessoas não acreditam quando eu afirmo o que penso e acho
Mas quem são essas para dizer alguma coisa, acreditar ou não?
O importante é que eu sei o que sinto
A morte dos meus desejos,
O controle de todos os sentimentos,
A vida que me ensina por meio da prática a entender meu eu.
Eu sinto coisas que ninguém acredita,
Eu entendo coisas que ninguém entende,
Eu por isso eu dei, involuntariamente, a ela o meu trabalho.
Mas me arrependi. Agora é tarde, mas não posso mesmo voltar atrás.

Sei que sou poeta, sei que escrevo aquilo que devo sentir
Mas nem sempre é assim.
(...)
Nem sempre é assim, amor.
Nem sempre

(...)
Eu olhei para as estrelas e uma morreu, caiu, mas logo nasceu outra em seu lugar.
Essa é a regra da natureza, essa é a nossa regra.
Eu olhei a lua sorrindo pra mim
Com seu único lado, mas quem sabe o que tem do outro?
E foi isso que eu vi em você.

(...)

Sei que sou poeta, sei que escrevo aquilo que devo sentir.
Mas nem sempre é assim.
Nem sempre.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Monólogo

Tudo era vazio e frio. Ele não sabia bem onde estava, mas não havia ninguém. Movia sua cabeça de um lado para o outro, mas não havia luz. Forçando a vista, procurava enxergar pelo menos a largura, altura ou profundidade de qualquer objeto que estivesse à sua frente. Em vão. Não havia chão, não havia teto, muito menos paredes. Era meio estranho, contudo já estava acostumado àquele lugar. Foi então que ouviu uma voz. Era a Solidão.

Dispensa-se a descrição dela. Todos conhecem ou já viram de relance a Solidão. Além do mais, estava escuro, então isso não é realmente necessário. De qualquer forma, o rapaz pensou em dizer “oi”, mas quando sua voz saiu, percebeu que era fina e aguda como a de uma criança. Era impossível, estava às vésperas do seu décimo sétimo aniversário. Mas realmente, perante a Solidão, quem é maduro o bastante? Tornamo-nos todos criaturas infantis.

- Desde quando estás aqui? – ela disse. Sua voz era um sussurro, quase o silêncio.- Desde muito tempo. Por favor, me traga luz que assim poderei ver você.

- Mas como? Não podes me ver? Não precisas de luz, já sou a escuridão que enche teus olhos. Esta sou eu.

Ele gemeu contrariado, mas já sabia daquilo. A luz se foi na mesma época em que tudo havia se ido.

- Por que não dialogas comigo?

- Porque dialogar com você é fazer um monólogo ao vento. Nem isso, pois nem os ventos podem me ouvir. Estou sozinho, nem as pessoas, a luz ou minha própria consciência me acompanham mais. Sendo assim, dispenso sua não-companhia, obrigado.

Entretanto, a Solidão insistiu:

- Mas por que estás só? Nunca se está sozinho, a não ser que se dispense todas as companhias. E este é teu maior erro: dispensas até a mim, que nada sou!

- Na verdade, uma. Dispensei apenas uma companhia. Todas as outras coisas foram só conseqüência. Tudo perdeu o sentido quando ela se foi.

- Amava-a?

- Muito, mas não amo mais. – disse ele, lembrando-se de que o amor havia partido na mesma época que a luz e muitas outras coisas.

- E por que abriste mão de sua companhia?

- Porque fui induzido ao erro. Me fizeram acreditar em algo no qual eu nunca poderia ter dado ouvidos. Depois de ter percebido a armadilha, a vergonha tomou conta de mim e não consegui ir até ela me desculpar. E quando a coragem venceu a vergonha e eu fui, já era tarde. Não havia perdão.

- Sentes raiva de ti mesmo?

- Senti, mas a raiva também já me deixou. Anteontem, acho. Isso se os dias já não tiverem me deixado também. Queria ao menos que ela pudesse me ouvir agora, e que quisesse me tirar daqui. Queria poder abrir meus olhos e não ver mais você, mas até quando os fecho, ainda lhe vejo...

- Tu não achas que queres muita coisa em vista do que fizeste? Não achas que tens isto por todo mal que fez àquela pessoa?

- Acho... sim... – lembrou de ficar triste, mas não era capaz. A tristeza já o havia deixado também.

Entrando numa introspecção, esqueceu a Solidão um instante e começou a lembrar tudo que havia passado com ela... Eram momentos que não voltariam mais, perdidos para sempre no passado. Não importava o que fosse acontecer dali pra frente, só uma pessoa poderia tirá-lo dali, e era ela, de fato. E junto com ela, a luz, a consciência, a raiva, os dias e a tristeza voltariam – e todas as outras coisas também. E quando os dias voltassem, se encontrariam com a felicidade já saudosa, e a partir daí então, os dias seriam felizes.

- Bom, vou-me indo. – disse a Solidão, cortando os pensamentos do rapaz. Ao ouvir isso, ele desesperou-se.

- Por favor, não vá! Não me deixe! Tudo já se foi, agora você?! Então leve minha vida também, não preciso mais da companhia dela!

- Poderia levar, mas não. Ninguém pode estar sempre sozinho em vida. Ao menos a vida deve acompanhá-lo, e eu não sou uma assassina, embora seja pior. – e sorriu. – Deixar-te-ei, porém a culpa já, já chega. Ela é meio irritante, mas ao menos não estarás sozinho. Ah, e às vezes ela traz amigos.

E então a Solidão se foi. Quando a Culpa chegou, nem bem cumprimentou, desatou a gargalhar da desgraça do rapaz. Era uma risada com vontade, daquelas bem agudas. Ela nem respirava, só gargalhava e gargalhava, sem cessar. E esse som estridente incessante dava nos nervos do rapaz, pesava-lhe os ombros. Sentia-se esmagado e humilhado.

Como prometido, a Culpa vez ou outra chamava a Raiva e a Tristeza, suas amigas. Quando a Tristeza ia, desatava a chorar, chegava a soluçar. Já a Raiva, não parava de gritar. Eram gritos de cólera, que assustavam o rapaz. Eram os piores momentos quando ficava a ouvir uma a rir, outra a chorar e outra a gritar, todas juntas sem nunca parar.

Nessas horas, lembrava-se de um rosto. Do rosto dela. A imagem era meio turva, mas ainda não o havia deixado, ele nunca permitiria. E percebia que, só ela ou a Morte poderiam tirá-lo dali, e que se ela não quisesse vir, por favor, que a Morte viesse.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009


Moab¹


Conduzida assim, como se conduz Moab. Todos voltados para uma só guerra, uma só opinião.
Eu e minha decisão prevalecemos. Construir com bases sólidas minha conduta e meu verdadeiro caráter. Assim Moab caiu, explodiu, mostrando todas as idéias, percepções, decisões, opiniões: Adeus!
Luftwaffe² ataca usando Blitzkrieg³ diretamente e catastroficamente:


Silêncio


Mas eu possuo uma folha em branco e por ali escreverei meu presente.
De: Passado
Para: Futuro


Amor








¹- Nome de uma bomba
²- Força Aérea Alemã
³- Guerra-Relâmpago

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Shinju

A Musa à casa chega
À casa retorna
E antes que vá embora
Peço que não me deixe só.

A felicidade às vezes nos esquece
Só para lembrarmos dela
Pois então, ó Musa, não me deixe
Que jamais te esquecerei

Deixo aqui toda a vida vã
Busco algo muito além do divã
Levo comigo apenas ti

Deixo aqui toda e qualquer coisa
Mas não esqueço nada
Pois junto de ti já levo tudo.

Elevador (Como Chegar Ao Meu Coração)

72º

71º

70º

69º

68º

67º

66º

65º

64º

63º

62º

61º

60º

59º

58º

57º

56º

55º

54º

53º

52º

51º

50º

49º

48º

47º

46º

45º

44º

43º

42º

41º

40º

39º

38º

37º

36º

35º

34º

33º

32º

31º

30º

29º

28º

27º

26º

25º

24º

23º

22º

21º

20º

19º

18º

17º

16º

15º

14º

13º

12º

11º

10º

09º

08º

07º

06º

05º

04º

03º

02º

01º

T

S1

S2

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ópera dos Corpos



Apenas o fato de estar próximo me dava vontade de amar ainda mais, apenas um toque e todo o meu ser vibrava e as ações fugiam do meu controle, apenas sendo levado em direção a uma sensação inesperada já conhecida.
A dor se mistura a paixão dando o toque poético no ato primal dos desejos impronunciáveis que caem como vestes jogadas as pressas no chão, e não há necessidade de palavras porque o corpo fala por si só, as respostas são objetivas, sem devaneios, transformando tudo numa bela dança em perfeita sincronia, que termina magistralmente numa explosão de cores e emoções indescritíveis, mas que duram apenas alguns instantes de puro êxtase vivo, sólido, inebriante.
Mas então após a o grande espetáculo a grande ópera corporal tem fim e o cansaço domina os artistas.

Deus-dará





Não gosto do Cristo crucificado, ornado de espinhos e rubis, sempre do alto, sempre julgando os pecados nossos. Sentado no trono de madeira, sempre imponente, sempre ostentando as glórias da vida e da morte, sempre se exaltando, as vestes manchadas o sinal do triunfo, as mãos e os pés perfurados o prego em nossas almas.

Sempre nos lembrando de nossa humanidade, nossa imperfeição, nosso pobre sangue e nossa pobre carne, que não são nem pão nem vinho.
O pão da vida eterna que nos deixa morrer de fome todos os dias, o sal da terra que seca nossos campos, a fonte que jorra água e sangue- água e sangue de nossos corpos dilacerados- todos os dias.

ele, o perfeito sacrifício, mas também a perfeita ignorância, a santa presunção. O pobre cordeiro de deus, imolado, para seu próprio prazer, sua própria honra.

Não quero seu reino nem seu amor. Prefiro esta terra, prefiro o pecado, prefiro o inferno, prefiro me ver refletido na deformação da vida, do que na impecável superfície da resina.

O Santo de todos os santos, tão pecador, tão vil, em sua santa ausência.


sábado, 31 de outubro de 2009


;Então finjo esquecer, mas o meu coração...



Não consigo descrever a dor que sinto. Eu queria fazer algo. Se eu pudesse. Eu faria qualquer coisa, moveria montanhas...
Para lhe trazer de volta.
Todas as noites eu sonho momentos que jamais sairão de minhas lembranças. E a dor aumenta quando eu sei que não poderei fazer nada.




Olhar ali, para você, imóvel, frio...
Minha voz falha... Você se foi para nunca mais voltar
Por mais que eu tente aceitar, não dá, a saudade é demais.



Você foi o único que conseguiu me fazer acreditar que existem ainda humanos nessa Terra.
Mas você se foi...
Para nunca mais voltar.
Todos os vídeos, fotos, lembranças, eu quero sempre ver. Só assim eu estarei perto de você.
Nossos planos, nossos sonhos, uma vida inteira juntos.
Meu amor, como machuca olhar para o céu sem você aqui.
Como dói chorar e não ter você para me consolar, me oferecer alegria que só você conseguiu me dá.




“O amor é feito flecha que acerta uma vez só e ninguém mais pode arrancar.” E agora meu amor? E agora que você se foi? E eu... E eu não poderei fazer nada. Como eu posso te esquecer, como posso tirar você de mim, se me ensinou a te querer cada vez mais e minutos antes da sua partida ainda você me ensinava, ainda mais, a te querer.


Você se foi me amando e eu fiquei te amando.
À distância...
Se fosse só uma briga e se, apenas, você estivesse zangado e não quisesse me ver eu saberia que estaria ali, que eu poderia vê-lo quando quisesse. Mas...
não, não é assim.
Por mais que eu tente aceitar, não consigo, a saudade é demais.
A dor de falar para meu ser: "quem vai não volta jamais", mas meu coração não aceita, não. Ele chama, grita, chora para te ter novamente aqui bem perto, mas não há jeito.
Ajoelhada na minha sala, segurando o controle remoto da TV ligada vendo apenas coisas que ficaram na lembrança...
Pois quem vai, jamais voltará...

Adeus.




;Uma folha em branco e um ponto começa a história.
O princípio mudou, a menina se transformou. Um texto de prova escrita da transição da morte um jeito para o nascer do outro;

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Chora para o céu



Você está aí, rindo, junto dos amigos, sequer me nota. Eu permaneço, aqui, imóvel, apenas olhando, admirando, desejando, suspirando, sofrendo e chorando.
Quando por descuido nossos olhos se encontram tremo. Meu o coração palpita, o peito quase explode.
Me hipnotizo por esses olhos, tão belos, tão diferentes, tão sedutores; olhos que nem sei a cor, nunca os vi de perto, só os contemplo de longe. E a cor desses olhos, como que feitos de mel sólido, ou a essência das folhas do início do florescer, ainda de um verde escuro, feita pedra, esmeralda. Não sei, só sei que são esses os olhos que eu amo, os que me acompanham no caminho de casa, os que me fazem dormir à noite, os que me sorriem sem nem mesmo um sorriso.

No entanto, tais olhos ainda se encontram distantes, ainda não me conhecem, ainda não os conheço, não os decifro. E essa distância me corta a carne, a navalha de todos os meus anseios, e me queima o corpo com a chama dos meus desejos, e me imobiliza os membros, solidifica o cérebro, com o gelo das minhas barreiras, e me condena e sentencia à mortalha, joga no vórtice negro que tudo consome, com o escárnio das minhas imperfeições.

Creio que apenas num momento me sinto próximo desses olhos, desse conforto, desse bálsamo, dessa redenção. Quando meu choro sobe até os deuses, minhas preces, minha tristeza, minha angústia, meu medo, minha solidão... então há a chuva, a chuva milagrosa, que não desce fria, cai quente e me banha com a ignorância, a ilusão.
É então que eu choro, choro, e apenas choro para o céu, e nós somos um.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Delirium

Crianças choram nas ruas desesperadas
Cadê seus pais?
Correm e vivem por um pote de cola
Às vezes por duas drogas ou mais

As senhoras já não são mais tão recatadas
Cada vez mais velhas com homens cada vez mais novos
Todas com mais dinheiro à medida que o tempo passa

Os adultos têm pressa, não podem parar.
No máximo para um cafezinho

Os adolescentes jogam a cabeça pra frente e pra trás
Ao som de guitarras pesadas
Ou então dançam balançando a bunda
Até o chão, chão, chão.

Daí entende-se: as pílulas não funcionam mais
Nem o Rivotril ou o Lexotan
Podem impedir essa loucura vã

Muitos morrem todo dia,
Mas poucos sabem que já morreram
A maioria só finge alegria

Mas quando chove - aí sim
Todos choram juntos com o céu
Levando as lágrimas todas aos bueiros
E gerando um grande alagamento.

Os potes de cola bóiam na água
As senhoras largam seus homens
E choram por seus filhos

Os jovens continuam batendo cabeça ou dançando
Até morrerem afogados no próprio lamaçal
De suas músicas

As crianças não param de gritar
Os gritos são tão irritantes que provocam ira no destino
Que as destrói, em pedaços, membro por membro.

Os adultos tomam suas pílulas de ilusão
Enquanto tentam controlar a situação
São frios e chatos
Só amam para se divorciar

Na verdade, pouco importam os outros
O que dá lucro são os negócios
Não se pode afetar o progresso
Só por meia dúzia de milhões de infantes.

O progresso, progresso
Nada mais destruidor
Tudo em nome do progresso
Até o regresso.

No meio do caos,
Um pai procura por seu filho, haviam brigado
Afinal, o filho era viado
Mas agora seu pai se arrependeu.
Em meio aos destroços, lá está ele!
Mas agora é o filho que não quer o pai
Então um poste cai sobre os dois

O que é a intolerância ao preconceito,
A não ser mais um preconceito?

Que morram todos
Não há a necessidade para que vivam,
Se for pra viverem assim.
Os anos passam no calendário,
E a única coisa que todos fazem é esperar
A morte chegar.

Pois bem, ela chegou
Para que o desespero?

O desespero vem dos seres aglomerados.
Quando se juntam em grupo, prometendo união,
É só um pretexto à solidão
Na verdade, a lei do mais forte deve prevalecer
E não há os fortes sem os fracos.

A Solidariedade é uma mentira
A Amizade é uma mentira
A Família é uma mentira
O Poder é uma mentira

Menos o Amor!
O Amor é puro, essência da vida
Os humanos não foram feito para andarem em bandos, alcatéias
Foram feitos para viverem a dois
Só assim se atinge a perfeição
Para que pensar? Basta amar!
Mas amar de verdade, porque sem sinceridade
É só promiscuidade

Aquela que, uma vez ou outra,
Nos enche de vazio.
Dando uma sensação de completude
Até o próximo beijo
Onde tudo se esvai

E nada pode ser completo, se um dia acaba.
Nem as crianças.
Nem os adolescentes
Nem as senhoras e seus amantes
Nem os adultos executivos
Nem o progresso
Nem a cura promovida pelas pílulas.

E fim.